Como manter o elo com meu filho adolescente
(Texto modificado e adaptado dia 18.02.2020)
A adolescência é um momento único não apenas na vida dos filhos, mas também dos pais. De repente, nossas crianças se encontram em um corpo de adulto, mas com o espírito ainda um pouco infantil. Já não querem mais passar muito tempo conosco, as amizades se tornam prioridade abslouta e nossos conselhos ultrapassados. A sensação as vezes é de que estamos diante de um filho que até então não conhecíamos. E quando além disso tudo ainda há o fato de vivermos em outro país, os conflitos podem ser ainda mais complexos e desafiadores.
A adolescência é um grande momento de transição, e quando o adolescente se encontra fora de sua zona de conforto, a transição além de se tornar mais complexa pode também causar grande angustia, pois ao mudarmos de país, os privamos do ambiente familiar e confortável onde eles viviam até então.

Claro que cada adolescente reage de uma maneira, e certamente há aqueles que se dão super bem com as mudanças, e isto é ótimo! Mas se este não é o caso do seu filho, saiba que está tudo bem também e que muitas famílias estão passando pelo mesmo que você. Na adolescência a identidade dos nossos filhos está em plena construção. Mudar de Belo Horizonte para os Estados Unidos é duro pra eles. As amizades são muito importantes nesta fase da vida, adolescents amam evoluir no meio de uma tribo, da sua tribo, mudanças podem causar uma forte ansiedade.
A mudança de país submete o adolescente a necessidade de recomeçar, de reconstruir novas amizades, e sbretudo ao medo de não ser aceito pelos outros.
É natural nos sentirmos desamparados quando realizamos que nossos filhos, antes carinhosos e amorosos, estão se tornando adolescente difíceis e rebeldes. Eles se irritam com uma facilidade que as vezes não sabemos mesmo como agir. Os hormônios estão a flor da pele, e não raro perdemos a paciência. Aí depois vem a culpa. NÃO SE CULPE! Tente entender o momento difícil que vocês dois estão atravessando. A pressão que toda mudança traz. Tome medidas que o orientem em sua caminhada rumo a vida adulta.
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Algumas sugestões:
Ø Convide-o a fazer atividades com você. Pode ser um jantar fora ou uma atividade física. Aqui em casa o esporte em comum é o jiut-jistu, e efetivamente passamos excelentes momentos juntos devido ao esporte. Programamos também algumas saídas só com a Gabi, as vezes com o pai, as vezes comigo. O simples fato de rirmos juntos já é suficiente para mantermos uma boa ligação.
Ø Conte a ele suas próprias experiências. Me lembro a primeira vez que a Gabi teve seu coração partido, ela estava com 11 anos e chegou em casa chorando muito. Morri de pena, e automaticamente disse: ah filha, não fique assim não, você ainda é tão jovem, vai passar, e etc, etc…. Aí me lembrei que era exatamente isso que minha mãe me falava e não adiantava nada. O que eu fiz? Uma panela de brigadeiro. Sentamos juntas e eu contei a ela como foi comigo. Disse que fiquei tão triste quanto ela e a confortei. Não minimizei a dor dela, ao contrário, dei o valor que tinha pra ela. Foi uma conversa maravilhosa. Conto muitas coisas da minha adolescencia pra Gabi e tenho a sensação que estas conversas nos aproximam, e ainda a deixam mais a vontade para compartilhar suas experiências conosco.
Ø Escolha o momento certo para abordar as questões mais delicadas. Uma conversa no carro indo pra aula ou então durante um lanche, será menos intimidante do que se você chamá-lo para ter uma “conversa séria”. Quando você sentir que ele está disposto a dialogar, dedique toda sua atenção a ele, e mostre que ele pode perguntar tudo o que quiser, pois você estará sempre disposto a escutá-lo e a ajudá-lo. Se abra para a realidade do seu filho. Os tempos mudam não é mesmo?
Ø Seja presença, não basta estar presente. Adolescentes precisam muito de seus pais, mesmo se eles dizem o contrário. Lembre-se sempre de que você é o adulto da relação. Se interesse a ele, às suas amizades, à suas novas descobertas, aos progressos que ele fará pouco a pouco em seu novo país. Valorize-o! Elogie, abrace, beije. É muito importante que ele saiba que não está sozinho!
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Redirigindo comportamentos negativos
Ø Mantenha o controle. Tente não discutir com o seu filho sobretudo no calor das emoções. Ele não irá te escutar e você ainda corre o risco de piorar a briga. Dê a ele o tempo necessário para se acalmar e só depois inicie uma conversa.
Ø Estabeleça limites claros em relação ao comportamento e comunicação. Aqui em casa quando a Gabi começou a dar sinais de rebeldia, respostas atravessadas e viradas de olhos, eu e meu marido decidimos estabelecer limites e chamamos a Gabi para participar. Eu já tinha lido sobre isso e decidi colocar em prática. Assim quando a situação extrapola nós a lembramos que estabelecemos os limites juntos, e que consequentemente estes têm que ser respeitados.
Ø Aplique castigos que façam sentido e estejam relacionados ao mau comportamento. Vou dar um exemplo comum na minha casa. A Gabi não gosta de arrumar o quarto. No começo, o castigo era privá-la de telephone. Mas não funcionava. Ela ficava super brava, aceitava o castigo, mas nem por isso passava a arrumar o quarto. Aí decidimos que ao invés de privá-la do telephone, quando o quarto estivesse bagunçado eu não trocaria a roupa de cama como faço todas as semanas e ela não poderia chamar as amigas em casa, afinal não há como receber as pessoas em um quarto desordenado, além do mais não há sentido colocar roupa de cama limpa em um quarto sujo.
Para encurtar uma crise de raiva você pode ajudar seu filho a gerenciar sua frustração. Adote um tom de voz calmo e entenda que ele também tem o direito de ficar bravo, desde que isso não implique comportamentos agressivos.
Ø Converse com seu filho sobre o ocorrido. Fale com ele que você não concorda com sua maneira de agir e ajude-o a encontrar outras caminhos de se expressar, caso esta situação aconteça novamente. Lembre-se de se concentrar sobre o mau comportamento e não sobre sua personalidade.
Ø Cuide-se. Você lidará melhor com seu adolescente se você estiver bem com você mesma. Cuide da sua alimentação, da sua saúde física, dos seus momentos de lazer. Eu bem sei que é “fácil falar e difícil executar”, pois vivemos correndo atrás do tempo, mas este ponto faz toda a diferença. Tente encontrar espaço na sua rotina para você, apenas você! Um bom equíbrio mental nos ajuda a encarar situações difíceis.
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Apesar das dificuldades, migrar continua sendo um privilégio para muitas pessoas e os nossos adolescentes estão cientes disso. Ter a oportunidade de conhecer o mundo, aprender um novo idioma, uma nova cultura, é sim maravilhoso! E eles também sabem que se deixamos nosso país de origem, foi em busca de um futuro melhor. Por isso mães, não se descabelem, a adolescencia é apenas uma fase da vida e se for bem acompanhada o futuro dos nossos adolescentes será maravilhoso e cheio de oportunidades (não apenas dos expatriados).
Bjs Cris!
Fontes:
https://fr.wikihow.com/g%C3%A9rer-un-adolescent-difficile
https://www.soinsdenosenfants.cps.ca/handouts/tips_for_positive_discipline
https://lepetitjournal.com/expat-pratique/famille/expatriation-etre-un-ado-letranger-23190