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Brasileira ou Suíça? “Moço, posso ser os dois?” E você, como se sente?


Chega mais, puxa a cadeira, pega um café e vamos conversar!


Há 19 anos eu responderia essa pergunta sem nem pestanejar: BRASILEIRA, LÓGICO! E hoje? A resposta definitivamente não é mais a mesma.

Quando decidi deixar o Brasil tinha a certeza de que o Brasil jamais « me deixaria ». Estava longe fisicamente do meu país, porém, meu coração e minha cabeça estavam ligados o tempo todo à minha família, à nossa cultura, às minhas relações interpessoais, ao meu passado e tudo o mais. Para mim, casa a gente só podia ter uma. Trabalhava dia e noite pensando em retornar ao « meu aconchego ». Viver definitivamente fora do Brasil não fazia parte dos meus planos, já que era impossível ser feliz longe de todas as referências que eu tinha até então.


Semana passada, 19 anos depois, enquanto meus pensamentos vagavam por aí, comecei a relembrar dos meus primeiros 10 anos longe de casa e me dei conta de como os meus pensamentos mudaram. Não que eu tenha me acostumado com a distância, ou que não me sinta mais brasileira, ou não sinta saudades da minha família e amigos. Nada disso mudou, a saudade continua a mesma, o que mudou foram os meus sentimentos em relação ao país que me acolheu.



Cada expatriado tem a sua história e esta depende muito das condições que levaram cada um de nós a tal mudança. Trabalho, reagrupamento familiar, estudos, ou apenas tentar a vida em um novo horizonte. Só posso falar da minha experiência, por isso, não leia meu texto como uma generalização.


Hoje consigo entender as pessoas que dizem não pensar mais em voltar definitivamente ao Brasil. Há 10 anos eu não conseguia. Hoje minha casa é em Genebra. Hoje tenho relações aqui tão especiais e essenciais quanto as que tenho no Brasil. A cultura suíça passou a fazer parte do meu dia à dia sem que eu me desse conta, e hoje, é aqui que eu me sinto em casa. A Suíça me acolheu, me abriu portas e eu sou só gratidão.


Como você conseguiu?


Sinceramente não sei. As coisas aconteceram sem que eu me desse conta, gradualmente. Fui batalhando, me esforçando e as coisas foram acontecendo naturalmente. Sempre valorizei todas as coisas boas que acontecem comigo, e reconhecer que a Suíça me proporciona coisas incríveis fez parte do processo. A dor da saudade sempre caminhou ao lado da gratidão, e eu mesma me cobrava muito, como se fosse errado a gente ser feliz longe de casa, longe da família. Como se eu estivesse abandonando as pessoas que eu mais amava. E era eu mesma quem mais me cobrava.


Eliminar essa cobrança foi todo um processo. Primeiro de entender que cada de um nós é responsável pelas nossas próprias colheitas. Que não se pode colher amor e empatia se plantamos frieza e raiva por exemplo. Quando entendi isso, vi que eu não tenho que ser responsável pelas escolhas dos outros, que eu não sou responsável por todos e muito menos responsável em resolver os problemas de todos. Cada um que cuide do seu jardim para que a colheita seja próspera. Claro que se eu posso ajudar, o farei com o maior amor, agora se não puder, sinto muito. Estou aprendendo aos poucos a não me culpar por estar longe, por viver longe. Estou aprendendo a não ter vergonha das minhas conquistas (sim, eu me sentia mal por estar em uma situação confortável), estou aprendendo que não sou Deus para querer resolver os problemas de todo mundo, sou apenas filha Dele (Cláudia Vilela, este ensinamento veio de você), e estes aprendizados estão sendo extremamente relevantes na construção da minha relação de amor com a Suíça.



E então, brasileira ou suíça?

Acredito que até hoje eu ainda não encontrei resposta a esta pergunta. Não me considero Suíça, mas considero que faço parte deste país. Tenho hábitos e reflexos que não tinha antes. Conheço Genebra como a palma de minha mão. Amo caminhar pelas ruas da cidade, observar as pessoas.... Amo a tranquilidade e segurança que tenho aqui. Acho o máximo ter o governo como um aliado e não um adversário. Gosto de fazer picnics nos parques e ir passar o dia na beira do lago.


Se hoje eu penso em voltar definitivamente para o Brasil? Não, não penso, pois seria tão difícil para mim hoje deixar a Suíça como foi deixar o Brasil em 2001. Já são 19 anos né? Tenho quase o mesmo tempo de Suíça do que de Brasil, mas de uma coisa tenho CERTEZA, jamais deixarei de me sentir brasileira!


E você que também é um expatriado, para qual lado seu coração balança mais? Me conte aqui nos comentários!!


Bjs, Cris!


Vamos brincar? Será que você se adaptaria aqui em Genebra? Veja alguns hábitos daqui e depois me conte o que achou!


· É comum assoar o nariz em qualquer lugar e na frente de todo mundo;

· Não vamos à casa de ninguém sem ser convidado;

· Quando vamos a uma pizzaria, pedimos uma pizza para cada pessoa;

· Tiramos os sapatos antes de entrar na casa das pessoas;

· É muito comum os homens participarem das tarefas de casa;

· Festas infantis são extremamente simples e apenas para as crianças;

· Não temos ralo nos banheiros;

· Não há cobrador nos ônibus;

· Comer arroz com feijão quase todo dia aqui é "loucura";

· Os apartamentos não tem área de serviço;

· Comércio fecha super cedo e domingo tudo está fechado (a não ser restaurantes e lojas de conveniência);

· Andar de transporte público é melhor e mais rápido do que andar de carro próprio;

· Somos obrigados a separar o lixo e a recolher o cocô dos cachorros nas ruas ;

· Cachorro aqui vive super bem em apartamento (independente do tamanho) e são muito felizes; cachorros, de maneira geral, são bem vindos em todos os lugares (lojas, ônibus, restaurantes e etc...) menos em supermercados!

· Aqui quase ninguém tem ajudante em casa e muito menos babá;



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